quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Um dia de Verão

Hoje a manhã começou chuvosa e com muito vento. Por isso decidimos ficar pela base enquanto o carpinteiro preparava as nossas estacas para os locais de monitorização da camada activa. Como as nossas caixas de material não chegaram e não temos as estacas, houve que improvisá-las a partir das caixas de madeira que trazem o material da logística para a base. De cada tábua que compõe as caixas o carpinteiro fez-nos 4 estacas. Precisamos de 54 para montar os 6 locais de monitorização. Como quando as colocarmos no campo precisamos de as ver, e como praticamente não há neve, decidimos pintá-las de laranja. Assim, depois de termos as estacas cortadas fomos os 4 para a oficina pintá-las.


Quando terminámos de as pintar, como era quase hora de almoço, decidimos dar um passeio aqui pelos arredores e como sempre encontramos um lobo-marinho que anda sempre por aqui perto da base e um pinguim papua.



Depois de almoço e apesar do muito vento que fazia o céu pôs-se quase descoberto e por isso decidimos ir fazer um reconhecimento de campo de Punta Murature e aproveitar a maré que estava muito baixa para que o Mário pudesse fazer um reconhecimento do litoral e tirar umas fotografias para trabalhar. Contudo, como a maré todavia não estava muito baixa, tivemos de ir dar a volta à Albufeira. O vento era tanto que nos custava a andar e por isso depois de darmos a volta e de andarmos um pouco na praia contra o vento, percebemos que íamos levar o triplo do tempo para chegar a Murature e que nessa altura já a maré estaria a subir. Assim, decidimos mudar de planos e ir fazer o reconhecimento do Cerro Caliente e do Monte Irizar.

Depois de 3 horas de caminhada, muitas fotografias (à que aproveitar estes dias de sol para tirar as melhores fotografias!!) e um tempo estupendo chegámos finalmente ao interflúvio a partir do qual é possível avistar a pinguineira. É assustador estão ali mais de 20 mil casais de pinguins mais as suas crias. Hoje como já estávamos a caminhar há muitas horas decidimos não descer a cumprimentar os pinguinólogos que estão a trabalhar lá em baixo e ficámos sentados a apreciar de cima a pinguineira e mesmo a esta distância é impressionante o barulho que fazem os pinguins. Felizmente a esta distância ainda não se sente o odor fedorento a guano que existe nas suas proximidades.



Depois de um pouco de descanso, água e barras de cereais, foi altura de regressarmos à base uma vez que hoje fomos convidados para ir jantar à base espanhola. É impossível irmos todos pois aqui na base argentina estamos 16 e na base espanhola creio que estão 23 e por isso não há espaço para todos.

Uma das coisas que tenho notado muito diferente do ano passado para este ano é que o tempo está muito melhor. Não há quase neve em lado nenhum mas especialmente nas vertentes expostas a Norte, principalmente entre a base argentina e a base espanhola. O ano passado a foz do rio Mecón esteve sempre com neve, era impossível passar com os veículos e este ano está totalmente limpa. Outros valeiros de maiores dimensões entre as duas bases estiveram sempre cheios de neve e a verdade é que este ano não se vê nem um neveiro pequeno nesta área. Em conversa com o Mário, com o Horácio e com alguns repetentes da base espanhola verifico que à 2 anos as coisas estavam mais ou menos como agora e que realmente a opinião de todos é que o ano passado foi mesmo muito atípico. Já tinha reparado nesta mudança ontem quando estive na base espanhola. Recordo que o ano passado eu não ia do módulo de vida ao módulo científico sem luvas e gorro, e ontem estivemos para ai durante meia hora na rua a conversar e não tinha nem luvas nem gorro e todavia também não tinha frio. E hoje, mais uma vez, andei quase toda a tarde a tirar o gorro porque fazia calor. Recordo ainda que o ano passado a primeira vez que vi o céu azul ou uma parte dele foi 2 semanas depois de ter chegado a Deception e este ano tenho visto todos os dias. Mas todavia não vamos deitar muitos foguetes porque já sabemos que cá fazem as 4 estações num só dia.

O jantar na base espanhola foi espectacular. Para além do arroz de lulas com tinta estar excelente o convívio entre as duas bases foi espectacular. Eu como já disse sinto-me em casa! Com algumas dessas pessoas comparti a campanha passada e com as outras que só conheço há alguns dias já sinto como se as conhecesse há muito tempo. Este ano há uma curiosidade engraçada, é que tanto na base espanhola como na base argentina existem militares que tocam viola. Para mais o nosso Brujo toca ainda guitarra eléctrica (apesar de ainda não termos ouvido) e uma espécie de acordeão pequeno que se chama Bandoneón.

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