terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Visitando Santiago

Hoje decidimos sair cedo do hotel, às 9h30 já estávamos na rua. O grande objectivo é visitar Santiago. Pelo que nos demos conta ontem no passeio até ao restaurante Santiago é muito pequeno e consegue-se ver praticamente todo num dia.

Assim, e como estamos alojados no centro da cidade, começámos por visitar o Palácio de La Moneda e toda a zona ministerial. É nesta visita que nos apercebemos que no Centro Cultural de La Moneda existe uma exposição de Frida Kahlo e Diego Rivera que pensamos ver ao final do dia.

Depois do Palácio de La Moneda foi altura de visitar a praça mais antiga, onde se iniciou a fundação de Santiago. É uma praça pequenina mas muito catita, com uma catedral e uma casa colonial. Daí seguimos para a casa Colorada, casa típica do tempo colonial espanhol.



Da Casa Colorada fomos até ao Museu de Arte Pré-colombiana e dai para um bairro muito típico e catita de Santiago, onde almoçámos num restaurante onde eu comi uma salada espectacular de quinoa, tomate, alho francês, alface e queijo. Depois de almoço fomos visitar umas das 3 casas que Pablo Neruda teve no Chile e que hoje estão transformadas em museus mostrando as suas diversas colecções e a sua enorme paixão pelo mar. Hoje visitaremos a Chascona, fica-nos a faltar a Casa de Isla Negra e a Sebastiana localizada em Viña del Mar. Pablo Neruda intitulava‑se marinheiro de terra, porque enjoava, mas apesar disso adorava o mar e os barcos. Então construiu esta casa na encosta de um dos Cerros de Santiago, afastado do centro e junto ao jardim Zoológico, para poder esconder, inicialmente, a sua amante que mais tarde se tornaria sua mulher.


Da Chascona dirigimo-nos para o funicular que nos levará ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição num dos cerros mais importantes de Santiago, o mesmo onde mais na base se situa a casa de Pablo Neruda. A vista é impressionante, só é pena que a poluição faça que sobre toda a cidade se estenda uma mancha de nuvens escuras.

Hoje ao contrário de ontem jantámos num restaurante muito local. Sem grande mariquices e muito chileno, mas onde a comida bastante boa.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

De Punta Arenas a Santiago do Chile

Hoje eu e o Mário combinámos tomar o pequeno-almoço com o Miguel Angel às 9h00. Durante o pequeno-almoço encontrámos novamente o Curro e a irmã, que estão hoje de saída para as Torres del Paine. Encontrámos ainda a Susana, uma geóloga, com quem o Miguel Angel trabalhou em Bayers e que para além de ser super porreira é completamente alucinada. Também ela hoje parte de Punta Arenas, para Santiago e daí directa para Madrid.

Nós os 3 depois do pequeno-almoço fomos dar uma volta pela cidade, fomos aos correios e ao Instituto Antárctico Chileno buscar umas fotocópias que o Miguel Angel tinha encomendado no início da campanha. Depois deste pequeno passeio regressámos ao hotel para terminar de arrumar as malas e fechar as contas.

Às 15h00 eu e o Mário voaremos para Santiago, o Miguel Angel fica mais 2 dias em Punta Arenas e daqui voa para Santiago e depois directo para Madrid. Assim, às 13h00 lá nos despedimos do Miguel Angel. Somos cada vez menos. Neste momento já só eu e o Mário, os mesmos que começámos estamos quase de regresso a Lisboa. Para não fazer mais de um dia de voos directos, pararemos em Santiago 2 dias aproveitando também para conhecer a cidade.

Acabamos por chegar a Santiago às 18h00, temos tempo de ir ao Hotel e depois jantar. Jantamos num restaurante espectacular, que recomendo vivamente a quem viajar a Santiago e que se chama Azul Profundo, fica localizado na Calle de la Constituición no bairro da Bellavista.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Mais uma despedida

Antes de mais um grande beijinho de PARABÉNS à minha comadre e grande amiga Belinha que hoje faz aninhos.

Desta vez acordámos cedo mas não para nos pormos a caminho. Foi altura de mais uma despedida! A Rosa e o António seguirão viagem de Puerto Natales para El Calafate, para irem visitar o Perito Moreno, e daí regressam a casa, a Espanha, lá para dia 25.

Assim, antes de eles saírem do Hostal eu e o Miguel levantámo-nos para nos despedirmos deles. Eu já conhecia o António da campanha passada, a Rosa conheci este ano, com os dois partilhei alguns momentos em Deception, mas foi sem duvida desde que saímos da ilha e até hoje que nos tornámos mais próximos. É sem dúvida com tristeza que vejo partir mais estes 2, ficando eu e o Miguel sozinhos. Somos cada vez menos!

Nos depois das despedidas voltamos para a cama. Acordámos às 9h30, tomámos pequeno-almoço e pusemo-nos a caminho. Regressaremos hoje a Punta Arenas onde nos reencontraremos com o Mário. Depois de comprarmos os bilhetes de autocarro e de almoçarmos às 14h00 pomo-nos a caminho. São 3h de viagem em que eu como sempre durmo profundamente. Definitivamente devo andar a fazer uma cura de sono. As pernas continuam a doer, o Miguel queixa-se dos joelhos e os dois parecemos os velhinhos a descer as escadas!

Quando chegámos a Punta Arenas, falamos com o Mário e enquanto ele terminava umas coisas no hotel eu e o Miguel fomos dar uma volta por Punta Arenas até ao miradouro antes de jantarmos. Como é Domingo por aqui quase não se vê vivalma e sem ser os turistas que fazem todos o mesmo percurso não há ninguém. Mesmo assim ainda conseguimos encontrar uma loja de Recuerdos aberta onde comprámos uns pinguins espectaculares.

No miradouro, como sempre, existe um totem com placas com as distâncias para diferentes cidades do mundo e não é que desta vez encontro uma com a distância a Lisboa. Estamos perto a 11826 km e a 4110 km do Pólo Sul.



Outra curiosidade sobre Punta Arenas é que o seu fundador foi Fernão de Magalhães e tudo nesta terra é alusivo ao Magalhães. A esta região chama-se Magallanica e da Antárctida Chilena, um conceito que pessoalmente detesto, uma vez que a Antárctida não é chilena é de todos! Para além disso a companhia de águas chama-se Águas Magallenicas, enfim o nosso Magalhães está por todos os lados. E como nã0o poderia deixar de ser aqui está ele em grande destaque na praça principal de Punta Arenas.

Depois deste pequeno passeio turístico por Punta Arenas foi altura de irmos jantar. Tínhamos combinado com o Mário encontrarmo-nos no restaurante La Luna. Um restaurante muito catita, cheio de colecções e artigos relacionados com a Lua. Mas melhor foi quando já estávamos sentados para começar a comer, ter entrado o Curro com a Irmã. O Curro é um montanheiro que esteve em Livingston, com quem o Miguel partilhou campanha e que nós conhecemos em Rei Jorge. Assim, acabámos por nos juntar os 5 a jantar e a recordar os momentos vividos na Antárctida todos partilhando o mesmo desejo de voltar no próximo ano.



sábado, 21 de fevereiro de 2009

Full day em Torres del Paine

Hoje acordámos mortos. Eu quase não me consigo mexer, tenho as pernas que não posso… Qualquer que seja o músculo que mexo dói-me horrores, para já não falar da figura triste que faço a descer escadas.

Depois de um valente pequeno-almoço foi altura de apanharmos um transfer desde o Albergue até à entrada do Parque onde às 10h45 passará o full day para nos apanhar. O dia está simplesmente espectacular e ao contrário de ontem que o topo das Torres estava ligeiramente encoberto, hoje o dia está totalmente limpo e vêm-se os 3 topos. Outra novidade é que com o calor que faz ando praticamente de t-shirt.


Acabámos por perder o transfer oficial, mas com uma grande sorte mandamos parar uma camioneta de uma excursão que por sinal era de uns italianos que ontem encontrámos no Refugio Chileno e que nos dizem para entrarmos. Entre alguns lugares sentados e outros nas escadas lá chegámos à entrada do Parque.

Depois de 2h de espera e de perguntarmos a todas as camionetas que iam passando se eram de CarFram (o nosso tour de full day!) lá apareceu o nosso motorista com um tour para 7 pessoas. Quatro éramos nós (eu, António, Rosa e Miguel), 2 israelitas e uma espanhola. Hoje sabe mesmo bem este tipo de passeio. É daqueles de muitos quilómetros, muitas paragens, muitas fotos mas o mais importante pouca caminhadas. Entretanto durante as duas horas de espera tivemos ainda tempo de ver um guanaco, primo das llamas e das alpacas e todos pertencendo à família dos camelos.

Assim, iniciamos a nossa visita de várias paragens, com um vento impressionante. Se ontem não havia sol, nem vento e quase não havia chuva, hoje há sol e também muito vento. A previsão que nos deram ma Laguna Amarga (entrada do parque) era que se esperavam ventos de 70 km/h, mas com rajadas pontuais que podiam chegar aos 100 km/h.

Pelo caminho os guanacos passam a ser uma vulgaridade e depois de algumas fotos mais entusiasmadas, deixamos de lhes passar cartão.


A próxima paragem é junto ao Salto Grande, uma cascata de água não muito grande mas em que o rio que lhe dá origem flui com uma velocidade impressionante. O guia quando saímos do autocarro avisa-nos novamente quanto ao vento. As rajadas aqui são bem mais fortes do que as que já sentimos na paragem anterior quando fotografámos os guanacos e por isso diz-nos que em caso de sentirmos uma muito forte nos devemos sentar no chão. Pensei que estava a brincar. Ora bolas se soubesse que vimos da Antárctida não diria tal coisa, se há coisa a que nos habituamos nas terras austrais é ao vento quase constante e forte. Mas o senhor lá tinha a sua razão. Este é também o local onde podemos ver a formação de Los Cuernos. E é quando estamos nos deslocamos para tirar uma foto, aos Cuernos que vem uma rajada tão forte que faz com que as pedras mais finas voem, e aí vê-se quase toda a gente a sentar-se no chão. Que rizada que demos todos! Mas não desistimos, há que tirar a foto com os Cuernos por trás.

A paragem seguinte foi no Lago Pehoe, onde existe uma estalegem numa das ilhas e onde ao fundo se podem ver novamente Los Cuernos. Que paisagem espectacular!

A última paragem foi na praia do Glaciar Grey. Segundo nos disse o guia o glaciar tem diminuído muitíssimo nos últimos 20 anos, e por isso a quantidade de icebergs que vemos hoje na praia é muito menor do que a existia em anos passados. De qualquer forma aproveitamos esta paragem para esticar as pernas e para caminhar durante umas horas. Apesar de não serem muito estes icebergs tem aquela coloração azul tão bonita e tão característica.


Depois desta última paragem seguimos viagem até Puerto Natales onde dormiremos no Hostal Isla Morena que é espectacular e super acolhedor e que acima de tudo tem uma biblioteca encantadora onde o Miguel Angel descobriu um poema do Pablo Neruda sobre a Antárctida chamado Piedras Antárcticas. Acabamos a noite a jantar comida tipicamente chilena no restaurante a Casa de Pepe. Desde que cheguei de Deception praticamente só tenho comido peixe, marisco e saladas. Tenho tirado a barriga de miséria de mais de um mês a comer quase só carne!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Torres del Paine

Antes de mais um grande beijinho de PARABÉNS à minha querida prima Joaninha, companheira de viagens, que hoje completa 25 aninhos. Obrigada ainda a ela e à minha Tia Ana por estarem a guardar a celebração desta data especial para o fim-de-semana do meu regresso.

Hoje foram-nos buscar ao Hostal El Rincón, em Puerto Natales, às 7h30 e daí partimos para as Torres del Paine. Depois de 2h de caminho, com uma pequena paragem para um café, estávamos a chegar à entrada do Parque Natural Torres del Paine, onde pagámos a nossa entrada e ingressámos no Parque. Depois de entrarmos foi altura de procurarmos um transfer que nos levasse até ao Albergue Torres Norte. Pelo caminho o motorista fez uma paragem para que tirássemos uma foto às torres que, segundo ele, seria a melhor que conseguiríamos hoje. Mal ele sabia!


Depois de alojados no Albergue Torres Norte, foi altura de prepararmos umas sandes, frutos secos, maças, bananas e água e pormo-nos a caminho da base das Torres. Tentámos levar roupa e comida suficiente, para não termos frio/calor nem fome e de maneira a ir o mais leve possível. Segundo as nossas previsões levaremos cerca de 4h a chegar à base das Torres e mais 3h a voltar para o Albergue. São 11h30 quando finalmente nos pomos a caminho.


Definitivamente a primeira e última parte do percurso são as difíceis. A primeira porque ainda estamos frios e é a subir e a última porque é a subir uma moreia enorme que nos mata. O trajecto intermédio é feito mais junto ao rio e no meio de bosque, como podem ver na fotografia de cima, onde as pontes de madeira são muito comuns. No entanto as paisagens que vemos e as paragens que fazemos, ao longo do percurso e no Refugio Chileno e acampamento Torres, permitem ir restabelecendo as forças. Praticamente até ao final do percurso comemos simplesmente uma sandes, frutos secos e água, e com isso as energias restabelecem-se para continuarmos.

O fim é sem dúvida o pior. Quando chegamos à base da moreia e vemos a quantidade de blocos e de altura que temos de subir, começamos a rir e a parar muito mais vezes. E pela primeira vez estamos acima da média de tempo indicada para cumprir este percurso. Até agora temos estado sempre abaixo do tempo indicado, mas neste troço diziam que demoraríamos 45 minutos e na verdade 1h10 depois chegámos ao topo da moreia e à base das Torres.


A visão é espectacular e o momento de silêncio que se ouve, em que nem o vento sopra, é inesquecível. Eu quando cheguei lá acima tirei a mochila e deitei-me numa rocha a observar a grandiosidade de local e a pensar como a natureza nos pode fazer sofrer tanto para depois nos presentear com esta paisagem. Sem dúvida o esforço da subida valeu a pena, pois esta paisagem poderá ser vista em postais, mas não há nada como vê-la pessoalmente.


Depois de um pequeno descanso, de alguma comida e água foi altura de fazermos todo o caminho de regresso. Agora é relativamente mais rápido e fácil uma vez que a maior parte do caminho é a descer e já estamos treinados. De qualquer modo os joelhos começam a queixar‑se.


Depois de 9h00 de passeio, 8 das quais a caminhar e de percorrer 24 km finalmente chegamos ao Albergue, tomamos banho e preparamos umas saladas acompanhadas de Pisco Sour para o jantar. Estamos mortos e em pouco tempo estamos na cama.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Puerto Natales e Cova del Milodon

Ontem decidimos que eu, o Mário, o Miguel Angél, o António e a Rosa viajaríamos por 2 a 3 dias a Puerto Natales e daí a Torres del Paine. Infelizmente hoje de manhã o Mário decidiu que ficava por Punta Arenas uma vez que já conhecia as Torres e por isso iria aproveitar para conhecer outras coisas perto de Punta Arenas. Em contrapartida a Imna decidiu ir connosco de manhã para fazer um passeio em Puerto Natales e voltar ao final do dia, uma vez que também já conhece as Torres e por isso aproveitará a estadia em Punta Arenas para visitar outros locais.

Assim, e depois de continuarmos a cumprir o ritual de acordar com as galinhas, às 8h30 apanhámos o autocarro que nos levará até Puerto Natales. São 3 horas de viagem e para quem me conhece sabe que em qualquer viagem e em qualquer meio de transporte tenho a capacidade de adormecer em segundos. E hoje esta capacidade foi exponenciada pelo facto de ter acordado à 6h45. Depois de alguns minutos no autocarro e de ainda estarmos a sair de Punta Arenas já eu estava a dormir. Fui-me despertando ao longo da viagem mas só acordei definitivamente quando estávamos quase a chegar a Puerto Natales.

Decidimos ir para Puerto Natales sem nada marcado ou reservado. E por isso ao chegar demos prioridade a arranjar viagem para as Torres del Paine. Como as Torres se situam a 2 horas de distância de Puerto Natales o nosso objectivo seria ir num dia e voltar no dia seguinte ou no posterior e dormir uma ou duas noites no Parque. O que queríamos era passear pelos caminhos do parque de modo a aproveitar o máximo da natureza. Infelizmente quando começámos a procurar a única oferta que nos davam era uma excursão de um dia (full day) de ida e volta às Torres. Numa das agências dissemos o que tínhamos em mente e esta dirigiu-nos a outra agência que se chama RUTAS. Foi o melhor que nos podia ter acontecido. Aqui e numas 2 horas solucionámos todos os nossos problemas! Inicialmente explicámos o que queríamos e o que eles nos podiam oferecer era uma viagem pela ruta W do parque, mas na qual teríamos de acampar. Infelizmente não temos tendas nem sacos cama e por isso esta não seria uma solução viável. Mais uma vez e à semelhança das agencias anteriores falaram-nos do full day. Foi neste momento e olhando para um mapa do parque em que nos explicavam o trajecto que a Rosa teve uma ideia luminosa.

O primeiro caminho que nos indicavam dava para fazer num dia e saia-se do Albergue das Torres onde se regressaria à noite. Este Albergue fica a 20 minutos de transfer da entrada do Parque onde passa a excursão do full day. Então o que a Rosa sugeriu foi que saíssemos amanhã de manhã (7h30), ficássemos alojados no Albergue das Torres e fizéssemos o caminho de dia inteiro com saída e regresso ao Albergue. Dormíamos no Albergue e no dia seguinte em vez de iniciarmos o full day em Puerto Natales encontrávamo-nos com eles na entrada do Parque. PERFEITO! Na agência foram impecáveis, arranjaram-nos Hostel para a noite de hoje no Hostal El Rincón, marcaram-nos camioneta para amanhã de manhã a sair de Puerto Natales às 7h30 e a chegar às Torres às 10h30. Daí temos de apanhar um tranfer por nossa conta até ao Albergue Norte das Torres. Marcaram-nos 4 camas no Albergue. Marcaram-nos o full day para depois de amanhã com ponto de encontro na entrada do Parque e ainda nos reservaram o Hostal Isla Morena para dia 21 quando regressarmos a Puerto Natales termos onde dormir. Enfim o Daniel da agência RUTAS foi incansável e impecável!

Viemos depois a saber pelo Daniel que a única coisa que perderíamos em não sair com o full day de Puerto Natales era não vermos a Cova do Milodon. Mas isto não era um problema uma vez que a cova está a cerca de 30 minutos de táxi desde Puerto Natales e por isso hoje, à tarde, e aproveitando a companhia da Imna, vamos visitar a cova.

Assim, depois de uma pizza rápida, enfiámo-nos os 5 dentro de um táxi a caminho da cova de Milodon. O Milodon é um animal já extinto e a cova, escavada em conglomerados, foi local de coabitação entre animais e humanos, há milhares de anos atrás. A cova é um local enorme, localizado no Parque Natural e Etnográfico, sendo considerado monumento natural. Como não poderia deixar de ser no final da visita tivemos de tirar uma foto de família com o já extinto Milodon. Falta-nos a Rosa na foto que como sempre pôs o seu motor turbo de pernas a trabalhar e já ia muito mais à frente.


Depois do passeio à cova e de um lanche no café Allambra foi altura de mais uma despedida Antárctica. Desta vez, da Imna, que seguirá hoje para Punta Arenas. Estamos a ficar cada vez menos e a Antárctida vai ficando para trás, apesar de recordarmos os que ficaram todos os dias.

Para além disso estamos em contacto com eles e pelo que sabemos nos dias que setivemos em Rei Jorge passou um temporal em Deception e em Livingston com ventos de mais de 160 km/h. Parece que voaram uma série de coisas, como a antena de rádio, umas caixas enormes de arrumação, a bomba de água que caiu dentro do Crater Zapatilla, uma moto 4 em Juan Carlos. Para além disso o Las Palmas esteve fora da baía de Deception por não conseguir entrar. A Baía estava cheia de barcos que aproveitaram para se resguaradar do temporal. O barco com um jornalista partiu o mastro e necessitou de tempo para reparar tudo dentro da baia. Um barco deu alerta de socorro e o Hespérides foi em seu auxílio. Enfim um verdadeiro caos, mas o que mais nos preocupava é que todos estivessem bem, como por fim nos confirmaram hoje.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Despedindo-nos da Antárctida

Hoje decidi não me levantar para ir tomar o pequeno-almoço, às 7h30, ao Casino dos Oficiais. O pequeno-almoço ali não é nada de especial e por isso não justifica sair tão cedo da cama e com tanto sacrifício. Eu tenho ainda alguma comida da merenda que nos deram anteontem à saída do Las Palmas. Sobram-me umas bolachas e uma Coca-Cola, que apesar de parecer um pouco forte para tomar logo pela manhã à falta de melhor e pela troca de umas horas de sono é o que servirá.

Felizmente quando me levantei, e porque provavelmente os oficiais chilenos perceberam que muitos de nós não descem para o pequeno-almoço, havia chá que com as bolachas que tenho serviram como um belo pequeno-almoço. Infelizmente tudo continua na mesma. Não se sabe se o avião que vem de Punta Arenas para nos levar vem ou não porque até agora as condições meteorológicas não estão muito favoráveis. Já se sente que todos estamos a começar a ficar fartos de estar ali, não temos nada para fazer, somos estranhos na base e sentimo-nos claramente deslocados. Felizmente que somos muitos e temos aproveitado para nos divertirmos como pudemos e também aprendido, mais uma vez, a lição de que na Antárctida a paciência é uma virtude e que 80% do que se faz está claramente dependente das condições meteorológicas.

Assim, a meio da manhã decidimos ir conhecer a praia da Elefanteira que fica mesmo ao pé da pista de aterragem onde estamos alojados. É um passeio pequeno mas espectacular. Para além de a paisagem ser linda, e muito diferente de Deception, porque tem imensos líquenes e musgos, a praia esta cheia de elefantes marinhos, na sua vida tranquila e pachorrenta que nós aproveitamos para fotografar e filmar.


Depois do passeio e porque era quase hora de almoço decidimos voltar ao Hotel antes de descer ao Casino de Oficiais a ver se haviam novidades. Felizmente o avião já descolou de Punta Arenas e chegará por volta das 13h30. O nosso embarque está previsto para as 14h30 e a descolagem às 15h00. É uma sensação estranha, com um misto de alegria e tristeza. Alegria por sair de Rei Jorge, onde me sinto como estranha, e tristeza por sair da Antárctida. Estou cada vez a afastar-me mais de um dos sítios onde mais gosto de estar, mas enfim a vida é assim, feita de ciclos e por isso este está a encerrar-se. De qualquer modo o desejo e a paixão de voltar no próximo ano continuam. Vamos ver as voltas que a vida dá!

Quando estávamos a subir do Casino de Oficiais para o Hotel, já depois de almoçarmos, ouvimos um enorme barulho e vemos um avião comercial a aterrar. Pior do que o ver a aterrar é imaginar que descolaremos nele dentro de algumas horas. Trata-se de um avião comercial pequeno, que aterra e descola numa pista de terra e gelo onde o seu fim termina exactamente no mar. No início da campanha aterrei aqui num Hércules e vi-o descolar, e devo dizer que é impressionante.


Para que nos possamos abrigar e movimentar dentro do hangar foram retirados um helicóptero e um avião chileno e permanece dentro um enorme helicóptro militar, simplesmente espectacular.


É curioso ver que no avião que chegou de Punta Arenas para além de militares, e investigadores vem também um padre ortodoxo ao que parece para fazer a invernada. Antes mesmo da saída há que fazer uma última fotografia de família na Antárctida e tirar uma foto no poster dos pinguins!


Depois de 3 horas de voo chegámos a Punta Arenas e instalamo-nos no Hotel Diego de Almagro. Um hotel com o qual a UTM espanhola tem convénio e que por isso sai a um bom preço. Depois de um excelente jantar com o Miguel Angél, o Mário, a Rosa, o António, o Amós, o Bismark, o Jesus Galindo e a Imna, foi altura de nos despedirmos do Jesus Galindo, do Bismark e do Amós. Mais uma vez se sente um aperto no coração neste momento de mais uma despedida. Vamos ficando cada vez menos e a campanha Antárctida deste ano vai ficando para trás.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Visita a China Great Wall Station

Hoje quando acordamos a primeira coisa que fizemos foi perguntar aos militares chilenos que estão responsáveis pelo Hotel se o nosso voo sempre saía hoje. Pelo que sabem até agora, não sairá porque está previsto mau tempo com ventos fortes, muita chuva e nevoeiro. Assim, parece que teremos mais um dia em Rei Jorge a não fazer nada!

Assim, às 7h45, e depois de perdermos o Jipe das 7h30 que serve de autocarro até à base chilena de Frei onde tomamos o pequeno-almoço, eu a a Imna pusemo-nos a caminho. Chovia bastante e o vento era forte, por isso chegámos ao Casino de Oficiais completamente empapadas. Alguns dos nossos companheiros antárcticos estavam já a meio do pequeno‑almoço, mas devido à hora do pequeno-almoço ser tão cedo, muitos acabaram por ficar a dormir e provavelmente só descerão para o almoço que nos é servido às 12h30. Uma coisa que estranho muitíssimo, mas que os espanhóis estranham ainda mais, é este horário madrugador para todas as refeições.

Depois do pequeno-almoço voltámos todos para o Hotel e para a mini sala de estar, que tem apenas 3 sofás, onde uns ainda se despertavam, outros dormiam, outros liam e agarravam-se ao computador. O cómico de estar na ilha de Rei Jorge é que não temos internet, mas o telemóvel funciona como se estivéssemos no Chile. Para além disso existem vários Jipes e carros e a televisão chilena por satélite faz com que aos poucos nos vamos ambientando novamente ao mundo real e ao contacto com ele, após 1 mês e meio de quase total isolamento.

Ao sairmos do Casino de oficiais logo pela manhã, e antes de irmos aos correios e à loja de Souvenirs, vimos um pinguim que andava a passear mesmo à porta do restaurante no meio de uma tremenda quantidade de fios. Era um Adélia!! Se os Barbijo e os Papua são pequenos os Adélia são minúsculos mas muito mais fofos!!


Depois de almoço décimos que íamos dar uma volta até à Base Chinesa. Segundo nos tinham dito, os que lá tinham ido passear de manhã, não se via ninguém e a base parecia abandonada. A base é enorme e realmente quando chegámos não se via vivalma. Mas o Bismark como não é homem de vergonhas quando viu um chinês a passar na rua perguntou-lhe qual o edifício sede e começou a bater à porta desse edifício até que apareceu o chefe de base chinês. Um tipo impecável que nos convidou de imediato para entrar e para tomar um chá chinês e um café. E como se tem vindo a tornar hábito nestes últimos dias o Bismark arranjou maneira de que nos fizessem uma foto de família com o Chinês.



Depois de uma visita à Base Chinesa regressámos à Base Cientifica Chilena Prof. Júlio Escudero, onde tirámos mais uma foto de família. Daí e com o auxilio do Coordenador Científico Chileno, fomos à base Russa para carimbar os passaportes. Este ano para além dos Carimbos da Base Argentina Deception, da Base Espanhola Gabriel de Castilla, tenho ainda os Carimbos da Base Russa de Belligshausen, da Base Chilena de Frei e da Base Chinesa de Great Wall. A colecção está definitivamente a aumentar!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Chegada à ilha de Rei Jorge

Ontem estivemos acordados, com muito esforço, até às 3h30 da manhã. Uma das primeiras coisas que fiz quando cheguei ao Las Palmas foi pedir ao Geraldo que, já que íamos a Livingston, me deixa-se descer na primeira Zodiac e subir na última. Seria o único momento em que poderia rever os meus amigos Chris, Iñaki e Manu com quem partilhei em Juan Carlos I a campanha antárctica do ano passado. Infelizmente vamos chegar a Juan Carlos às 6h00 da manhã e os barqueios serão feitos rapidamente uma vez que se aproxima mau tempo. Hoje às 6h00 dei por pararmos em Juan Carlos I mas estava com tanto sono que continuei a dormir. Penso que estivemos 2h fundeados, mas mesmo assim continuei a dormir até às 13h30.

Quando acordei estávamos quase a chegar a Rei Jorge, e 1h00 depois estávamos fundeados na baia em frente à base chilena de Presidente Frei e à base russa de Bellingshausen. Durante a noite dei-me conta que o Las Palmas se moveu um pouco, mas como tinha tomado os meus comprimidos milagrosos para o enjoo continuei a dormir profundamente. Esta noite deu para recordar o quanto é dura a chegada à Antárctida quando se chega de barco e o quão bom é ter a oportunidade de este ano poder atravessar o Drake as duas vezes de avião.


Hoje estou exactamente no sítio onde comecei no início da campanha, na praia da base chilena de Presidente Eduardo Frei. Depois de algumas horas de espera distribuíram-nos por dois lugares para dormir. Todos os de Deception, alguns de Juan Carlos e outros de Byers ficamos a dormir no hotel que existe junto à pista de aterragem. Os restantes de Byers e os chilenos que estavam em Juan Carlos I a trabalhar na remodelação da base ficaram a dormir no Instituto Antárctico Chileno Base Prof. Júlio Escudero.

Depois de devidamente instalados decidimos que estava na hora de esticar as pernas e de ir dar um passeio. O jantar será às 18h30 e por isso decidimos até lá ir ver as Base Chilena Presidente Eduardo Frei e a Base Russa de Bellingshausen.


O mais engraçado é que nesta ilha existem muitas bases e nesta Península onde estamos agora existem 3 Bases Chilenas, 2 geridas pela Força Aérea Chilena e uma de investigação, 1 base Russa, 1 base Chinesa e uma base Uruguaia. As 3 bases chilenas e a russa são todas ao lado umas das outras, a chinesa e a uruguaia são mais afastadas e por isso não sabemos se as conseguiremos visitar.

A diferença destas bases para as espanholas e argentina a que estou acostumada é que estas são bases permanentes e por isso parecem como que mini cidades. Têm uma estação de correios, uma loja de venda de Souvenirs, um hospital e uma igreja católica na base chilena e uma igreja ortodoxa na base russa.

Depois de jantar e de visitar as duas bases e as duas igrejas foi altura de regressarmos ao hotel. São 20h30 e parece tardíssimo, estamos estoirados e amanhã o pequeno-almoço é às 7h30. Para além disso estamos todos a sofrer com o mal das despedidas. Notam-se perfeitamente nas caras de todos os que estamos aqui a saudade que temos dos que deixámos nas bases e do que vivemos. Para além disso estamos sempre a recordar as coisas que vivemos e os que deixámos para trás. Enfim, amanhã voaremos para Punta Arenas e a Antárctida e Deception começam a ficar para trás.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

A Despedida Final

Antes de mais dois grandes beijinhos de PARABÉNS, um ao meu grande amigo António Leal e outro para a minha amiga Joana Melo.

Depois da noite de ontem em que nos deitámos tardíssimo, hoje até nem acordei muito tarde. Eram 10h30 quando acordei com o rádio soando Las Palmas, Las Palmas, Las Palmas para Juan Carlos I. Menos mal se o Las Palmas está a chamar a Juan Carlos I quer dizer que ainda está em Livingston e que ainda demorará a chegar a Deception. Parece assim que se confirma a saída para amanhã. Contudo, ainda nós estávamos a tomar o pequeno-almoço quando o Fernando (chefe da base espanhola) chamou por rádio para comunicar que o Las Palmas chegaria a meio da tarde e que nos embarcariam hoje ao final da noite. Uma grande tristeza. Assim, sendo este será o ultimo dia na base.

Acabámos por almoçar qualquer coisa tardíssimo e depois de almoço e de uma siesta no sofá, o Ramón, o José e o Jorge foram levar todo o nosso equipamento à base espanhola. Desta forma, podemos passar o resto da tarde tranquilamente na base. Hoje jantaremos muito cedo, às 19h30 já estamos sentados uma vez que às 20h30 temos de estar na base espanhola. Depois do jantar e de um discurso do Ariel, toca-me a mim fazer um discurso de despedida. Assim, que começo a falar as lágrimas correm-me pela cara. A estes muchachos que são mais do que companheiros e amigos de base, que são como se fossem da minha família aqui deixo um grande beijo de homenagem e de agradecimento por todos os bons momentos que vivemos e por tornarem esta ilha e esta base tão especiais e inesquecíveis.

Depois dos discursos e da choradeira foi altura de eu e o Mário descermos a bandeira de Portugal que está em frente da base. Num momento solene e de muita emoção em que todos estão em formação vamos descendo a bandeira de Portugal. Seguidamente e com as lágrimas nos olhos entrego-a ao Ariel que está visivelmente emocionado e que se despede de mim nesse momento porque diz que não consegue ir despedir-se à praia. Os outros todos, juntamente connosco, vão seguindo para a base espanhola.

Quando chegamos à base espanhola ainda estão a jantar. Está um final de dia, inicio de noite espectacular, com pouco vento e quase sem frio. Assim, ficamos todos na rua a beber umas cervejas a deitar conversa à rua e a aproveitar estes últimos momentos que nos restam juntos. Não sei quando os voltarei a ver, espero que não seja daqui a muitos anos e que com as tecnologias possamos continuar em contacto.

Depois do jantar dos espanhóis foi altura das fotos do costume e também do início das despedidas. Para mim as mais emocionantes foram, na base espanhola, com o Jesus, o Eduardo, a Júlia, a Ana, o Miguel, o Carlos e o Juan. E na base argentina sem dúvida com o César, o Javier, o Victor, o Horácio e o Ernesto.

A saída das zodiac da praia foi feita com as lágrimas a escorrerem pela cara e com a visão de todos os que ficaram na praia a acenarem. Agora o Las Palmas espera por nós e nós esperamos não ter de passar muito tempo no Las Palmas.

Estivemos acordados, com muito esforço, até às 3h30 da manhã. Segundo o Gerardo (comandante do Las Palmas) passaríamos Fuelles de Neptuno e assim sairíamos da ilha de Deception às 2h00. Como é tradição para os que saem da ilha há que brindar com champanhe, na ponte, à saída das Fuelles para que possamos voltar no próximo ano. A verdade é que o ano passado brindei e este ano voltei! Assim sendo às 2h00 da manhã, eu, o Amós, o Bismarck, a Rosa e o António, depois de cabecearmos durante 2h00 no comedor dos investigadores, subimos à ponte. O silêncio neste momento é total, uma vez que a passagem das Fuelles é sempre um momento delicado, e nós respeitamos esse momento. O Gerardo entretanto abre o champagne que gentilmente nos cedeu, uma vez que com as pressas e o stress da despedida nos esquecemos de trazer da base. Como o silêncio na ponte contínua decidimos sair para fora. Faz um frio de rachar, quase não sinto a cara, mas a mistura de felicidade e tristeza por este brinde invadem‑nos de uma força extra que nos permite estar fora algum tempo enquanto passamos as Fuelles.

Depois da passagem das Fuelles voltamos ao comedor dos científicos e enviamos um mail ao Fernando (chefe da base espanhola) para que o distribua a todos na base espanhola e argentina, dizendo que são 2h50 e acabamos de brindar a saída dos Fuelles. Que já temos saudades deles e que jamais os esqueceremos.

Amanha se tudo correr bem estaremos na ilha de Rei Jorge, onde dia 17 de manhã sairá o nosso voo directo a Punta Arenas.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Assado argentino

Um grande beijinho de PARABÉNS à minha querida amiga Raquel Garrido.

Afinal ao que parece amanhã sairemos ao final do dia ou na segunda-feira de manhã. Desta forma, hoje passamos a manhã a terminar de arrumar tudo e a desfrutar da base o máximo possível. Hoje como é Sábado, aqui na base, os militares, depois de almoço, já não trabalham. E hoje o almoço foi especial, uma vez que o Ariel foi novamente para a cozinha aliviando assim o Javier do seu trabalho diário. Para além disso quando estávamos a começar a almoçar, apareceram os pinguinólogos e mais um pessoal da base espanhola que tinham ido à pinguineira e o Ariel convidou-os para almoçar connosco.


Depois de almoço e de uma tentativa de siesta sempre interrompida pelo Javier e pelo Victor, decidi ir até à base espanhola ver os e-mail e trocar fotos com o Eduardo e com o Miguel. Não só fiz tudo isto como ainda tive a oportunidade de ver uma apresentação do projecto do Mariano e do Manolo, bem como uma do Bismarck.

Hoje na base argentina para o jantar o Horácio e o Martin vão fazer assado, e como qualquer dia de assado é dia de festa. Assim, o Horácio acaba por convidar, na base espanhola, o Juan e o Jesus, que connosco compartiram a campanha passada, para virem jantar connosco. Felizmente que eles aceitaram, foi um enorme prazer poder ter estes amigos de novo juntos e conversarmos sobre tudo, recordando as vivencias passadas e presentes. A estes dois chicos aqui deixo um grande beijo, simplesmente por existirem, por estarem aqui, por se preocuparem tanto e por me terem apoiado de modo incondicional no momento mais difícil da campanha.

Depois de jantar e já pela noite dentro foi altura de ver um filme com o César e o Cláudio até às 4h30 da manhã. Apesar de termos a salamandra acesa a sala de jantar agora está gelada, devido à reparação do tecto, e por isso somos obrigados a levar os sacos cama para a sala, para que não fiquemos congelados.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Finalização do trabalho de campo

Logo pela manhã eu, o Mário e o Ernesto fomos ao Irizar para medir a espessura da camada activa no sítio CALM-S. Ao contrário do sítio CALM que temos no Crater Lake onde é muito simples medir a espessura da camada activa, aqui no Irizar, uma vez que o solo é menos homogéneo esta medição torna-se muito morosa. Desta forma, decidimos levar duas cruzes e assim tentar encurtar o tempo de trabalho. Apesar de inicialmente pensarmos que íamos levar o dia todo, felizmente ao fim de 3 horas de trabalho a espessura da camada activa no sitio CALM estava concluída.



Como nos faltam 3 dias para sairmos decidimos que este seria o nosso último trabalho. Assim, temos a tarde livre de hoje e o dia de Sábado e Domingo, para empacotar tudo, trocar fotos e musicas com o pessoal da base e o mais importante tempo para desfrutar destes últimos momentos na Antárctida e na Base Argentina.

Infelizmente, depois de almoço e exactamente quando estávamos a levantar a mesa, o Ariel pediu-me a mim, ao Mário, ao Horácio e ao Ernesto para que tomássemos atenção porque tinha uma coisa para nos dizer. Nesse momento o meu coração quase parou com a ideia de que a saída fosse antecipada para sábado. Felizmente a notícia não era boa, mas também não era tão má. O Las Palmas chegará amanhã pela noite e dia 15 (Domingo) pela manhã (às 10h00) temos de estar com tudo pronto na base espanhola para embarcarmos. Já estava preparada para sair a 15 ou 16 mas à medida que a partida se aproxima, só quero que os dias passem cada vez mais devagar e que, se possível, a saída seja adiada sucessivamente! Sei que vou ter muitas saudades destes muchachos e de tudo o que vivemos aqui.

Depois de almoço eu e o César decidimos ir acabar de preparar os merengues, que felizmente, de manhã, estavam secos e estaladiços mas um bocado para o acastanhado. Agora tínhamos de fazer pares de merengues e no meio colocar Dulce de leche. Como sobrava um pouco de chantilly da sobremesa do almoço, decidimos dar um toque mais requintado a alguns deles. O aspecto não era mau e posso dizer que estavam deliciosos.



Durante a tarde estivemos a acabar de empacotar todo o material de trabalho e comecei a arrumar a roupa que não vou precisar e que seguirá no Las Palmas para Cartagena no final da campanha. Para além disso aproveitei para começar a arrumar a minha mala pessoal. Nela, este ano, para além da roupa, levo mate e ingredientes para fazer polenta e ñoquis que seguramente me recordarão os bons momentos vividos na base.

Hoje fui jantar à base espanhola pois a Ana tinha-me prometido que ia fazer raia, que para além de ser peixe é um dos peixes que mais gosto. Infelizmente ao contrário do que a Ana pensava já não havia raia e por isso fizeram bacalhau. Como para qualquer bom português, apreciador de bacalhau, este foi sem duvida um jantar maravilhoso. Aproveitei ainda este jantar para agradecer a toda a dotação da base espanhola, o apoio quer logístico em termos de trabalho, quer em termos pessoais durante a fase em que a minha mãe esteve doente. Para além disso não posso deixar de lhes agradecer simplesmente o facto de estarem aqui, de tornarem tudo isto tão especial e de estarem sempre prontos e preparados para nos ajudar em tudo o que necessitamos. Depois de jantar, e porque este ano ainda não tinha tido quase oportunidade, fiquei a beber um copo com o Jesus e o Juan, que compartiram comigo a campanha passada, e a pormos as conversas e recordações em dia. São estes pequenos momentos e estas pequenas coisas, que se tornam tão grandes e tão especiais na Antárctica e que fazem com que este seja um dos melhores sítios do mundo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Merengues

Antes de mais um grande beijinho de PARABÉNS ao meu querido primo Nuno que hoje completa 25 aninhos.

Depois da noite de ontem hoje todos atrasamos o pequeno-almoço uma hora. Pela manhã eu, o Mário e o Ernesto fomos a Crater Lake. Eu ia colocar o equipamento de geofísica a monitorizar e o Mário e o Ernesto começaram com as medições da camada activa no sítio CALM-S. Como já vem a ser costume nesta campanha se alguma coisa pode correr mal de certeza que vai correr. E foi o que aconteceu… o cabo que liga o computador ao equipamento desligou-se e agora para o voltar a ligar é preciso confirmar novamente que cabo corresponde a que pino e isso só posso fazer na base. Decidi então desligar tudo, meter o equipamento na mochila e ir ajudar o Mário e o Ernesto com as medições da camada activa no sitio CALM-S.

Depois de almoço o Cláudio confirmou-me novamente os cabos a que pinos correspondem e depois de todos os cabos novamente conectados foi altura de voltarmos para Crater Lake. Entretanto hoje quando o Jorge nos deixou no vale do rio Mecón o carro que utilizamos começou a deitar fumo. Neste momento está avariado e enquanto o Miguel Angél não o arranjar teremos de ir a pé e voltar do rio Mecón. Assim, pela tarde eu, o Mário e o Ernesto voltámos a Crater Lake. Enquanto eu coloquei a geofísica a monitorizar, o Mário e o Ernesto terminaram de medir a espessura da camada activa. Foi altura de nos despedirmos de Crater Lake, faltam 3 ou 4 dias para que termine a campanha e neste momento é altura de começar a concluir todo o trabalho.


O Horácio infelizmente continua doente. Este é o 3º dia que fica em casa pois continua atacado com tosse e com o corpo dorido.

Depois de uma passagem pela base espanhola para ver os e-mail foi altura de eu e o Ernesto irmos medir a espessura da camada activa em Cerro de la Cruz. Talvez esta seja uma das últimas vezes que a meço, uma vez que daqui a 3 dias muito possivelmente já estaremos a entrar no Las Palmas directos à Ilha de Rei Jorge. Falta-nos muito pouco tempo de campanha e a ansiedade das despedidas e da partida já se sente. Eu cada vez que vejo os meus colegas de base durante a hora de jantar, já me começa a dar um aperto no estômago e no coração e as saudades, mesmo antes de partir, já começam a aparecer.
Depois de jantar eu e o César já tínhamos decidido que faríamos merengues com Dulce de leche. O Javier já nos tinha avisado que isto levava muito tempo a preparar, não pelo tempo de preparar a massa dos merengues, mas porque o forno não pode estar a mais de 100º e este como é industrial chega aos 180º e não temos como controlar a sua temperatura. A solução encontrada para os cozinhar foi, depois de 15 minutos dentro do forno fechado, abrir o forno 15 minutos para que arrefecesse e fazer isto sucessivamente até que os merengues estivessem prontos. O problema foi que à meia-noite os merengues estavam ainda muito moles e longe de se tornarem duros e estaladiços e segundo o Javier àquela velocidade nem às 4h00 da manhã estaríamos despachados. Eu depois do dia de ontem em Crater Lake e do de hoje no Irizar estava morta de sono. E por isso eu e o César decidimos que o melhor seria desligar o forno e deixar os merengues a cozer lá dentro durante a noite. De certeza que, de manhã, não estarão brancos, mas seguramente estarão secos e estaladiços.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Jantar de comemoração do Eduardo

Hoje pela manhã eu e o Mário fomos à base espanhola enviar e ver os mail´s que chegaram sobre o que fazer com a monitorização da geofísica. Finalmente parece que se chega a uma conclusão sobre o que fazer. Assim, eu e o Mário, subimos ao Crater Lake para de uma vez por todas fazer os últimos testes e ver se finalmente deixamos o equipamento a monitorizar. O problema é que após 5 minutos de estarmos no Crater Lake começou a nevar. Inicialmente era pouco e por isso não ligámos muito. Mas o problema é que 10 minutos depois começou a nevar muitíssimo e tanto o computador como eu estávamos a ficar cheios de neve. Assim, decidimos descer para a base espanhola e chamar por rádio à base argentina para que nos viessem buscar, estava gelada.

Quando chamámos à base o Ariel já estava a chegar e acabámos por ficar ali um pouco na conversa com o Fernando, o César, o Eduardo e a Júlia. Hoje o Eduardo, em comemoração da sua promoção a comandante, vai fazer um jantar na nossa base e por isso para além dos 16 que vivemos ali, hoje teremos mais 10 convidados para jantar. Entretanto 6ªfeira a Ana vai cozinhar raia na base espanhola e eu já disse que ia lá jantar!! J

Finalmente quando estávamos a sair da base espanhola vi um saco gigante de Sugus. De imediato veio-me à cabeça o meu Avô Morais que tinha sempre pacotes de Sugus em casa para quando lá íamos e quando podia comprava uns pacotes e ia levar-nos a casa.

De manhã eu e a Júlia, no módulo científico da base espanhola, começámos a falar da partida. Hoje estávamos as duas melancólicas e a aproveitar ao máximo estes últimos dias, pois sabemos que vamos sentir muito a falta desta gente e de tudo o que temos vivido por cá. Já sei, por experiência anterior, que os laços que se criam aqui são mais fortes do que muitos que temos há muitos anos em Portugal. O isolamento e o afastamento do mundo fazem com que todos os sentimentos aqui, quer sejam bons quer sejam maus, sejam vividos com muito mais intensidade e entrega do que os que estamos habituados a viver no dia-a-dia. E assim, enquanto deitávamos conversa fora e recordávamos as coisas que passámos este mês, demos por nós já de lágrimas nos olhos.

Durante a tarde como continuava a chover muitíssimo e pontualmente nevava acabámos por ficar na base a preparar a corda e as cruzes que vamos precisar para amanhã começarmos a medir a espessura da camada activa em Crater Lake e no Irizar, e também a colocar fotos em dia e a preparar as coisas para o regresso a casa.

Por volta das 18h00 chegou o Eduardo e a Júlia para começarem a cozinhar. Para o jantar teremos tortilha de batata e paella de frango. Às 21h00 chegaram os restantes 8 convidados - Rosa, Mariano, Mário, Andrés, Miguel, Pedro, Hector e Fernando. O jantar estava espectacular e, como sempre que temos estes convívios, o Pedro desafiou o Ernesto para uma partida de ping-pong mas desta vez apostando que quem perdesse rapava o cabelo ao outro. Esta aposta surge porque o Ernesto tem um cabelo enorme que nunca penteia e tanto aqui na base argentina como na espanhola está sempre a ser gozado. Com o apoio e entusiasmo de todos lá fomos ver a partida decisiva para o corte de cabelo do Ernesto. Infelizmente, e com grande tristeza de todos, o Ernesto ganhou e o Pedro saiu de cá com o cabelo rapado.



Depois que se foram os espanhóis nós ainda continuamos com a festa com uma nova e longa actuação do Brujo que para mim durou até às 2 da manhã, pois já estava a dormir em cima da mesa. A essa hora ainda resistiam 4 (César, Sérgio, Miguel Angél e Ariel) que conseguiram chegar até às 3h00 mas que depois também desistiram. Pois hoje se não fossemos nós a desistir o Brujo não parava… estava com as pilhas todas.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Em arrumações

Antes de mais um grande beijo de PARABÉNS à minha grande amiga Lúcia que hoje cumpleaños!

Desde ontem que eu e o Horácio andamos com dores de garganta. A mim, felizmente, com umas pastilhas para a garganta tem passado, já o Horácio desde ontem que está a tomar Brufen e outros medicamentos que o Brujo lhe deu. Mas hoje, o Horácio, apesar de ter começado a medicação ontem está pior e está de molho na cama.

Assim, de manhã enquanto eu ponho os e-mail em dia e vou à base espanhola enviá-los o Horácio fica pela base argentina. A meio da manhã o Mário e o Ernesto foram novamente para Punta Murature terminar o trabalho que começaram ontem.

Depois de almoço continuava a chover muitíssimo e desta forma era impossível ir para o campo fazer geofísica. Assim, decidi começar a arrumar o equipamento de trabalho que já não vamos necessitar, começar a fazer a lista de material que enviamos na caixa, bem como a empacotar tudo.

Quando, antes de almoço, estive na base espanhola, já se vivia um verdadeiro espírito de final de campanha, com toda a gente a empacotar as suas coisas. E os que já terminaram todo o trabalho andam pela base a ajudar os outros e a desfrutar estes últimos momentos. Faltam 5 ou 6 dias para que o Las Palmas nos venha buscar e eu já começo a sentir a pressão da saída e das despedidas.

O Ariel decidiu fazer o jantar e sem dúvida que nos surpreendeu com un éxito rotundo. De entrada tivemos omeletas de queijo, fiambre e pimentos. De primeiro prato frango recheado com queijo roqueford e pimentos, batatas no forno e um molho de cogumelos espectacular. E para finalizar em grande um crepe flambeado com Doce de Leite e gelado de limão.

Como se vem tornando hábito depois de jantar voltamos a ver um filme, e como também se vem a tornar hábito eu acabei por adormecer no sofá a ver o filme.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Hoje pela manhã eu e o Horácio fomos mais uma vez a Crater Lake desta vez tirar os dados do equipamento de monitorização da geofísica, que durante Sábado e Domingo ficou a monitorizar, apesar de ainda não termos solucionado o problema do teste das resistências de contacto.

Para ir ao Crater Lake decidimos subir através do vale direito do rio Mecón onde no início da campanha tínhamos aberto um perfil onde se via o permafrost e uma camada de neve enterrada. O incrível é que nos últimos dias esse vale se alterou completamente. A margem direita tinha desabado e agora grande parte do vale estava coberto por cinzas. Para além disso existiam vário buracos que podiam agora estar cobertos por uma fina camada de terra e neve e que se não fossem vistos se podiam tornar perigosos.


Enquanto nós fomos para Crater Lake o Mário e o Horácio, aproveitando uma das marés mais baixas, foram para Punta Murature para que o Mário pudesse fazer as medições com o TMEM, no local que estamos a monitorizar há dois anos, mas também que encontrasse um novo local para colocar um novo ponto de monitorização. Com este instrumento pretende-se perceber a que taxa a plataforma rochosa é erodida pela acção do gelo.

Depois de almoço eu, o Horácio e o Miguel Angél fomos para Fumarolas para fazer um perfil de geoeléctrica ao longo da praia. Pelo caminho encontrámos um grupo de cerca de 15 lobos junto à praia. Ao que parece este ano a Lobeira está quase vazia e os lobos-marinhos andam quase todos aqui à volta da Lagoa junto à Base Argentina. Para além de uns adultos que já estamos fartos de ver, desta vez havia também uma cria.