terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Visitando Santiago

Hoje decidimos sair cedo do hotel, às 9h30 já estávamos na rua. O grande objectivo é visitar Santiago. Pelo que nos demos conta ontem no passeio até ao restaurante Santiago é muito pequeno e consegue-se ver praticamente todo num dia.

Assim, e como estamos alojados no centro da cidade, começámos por visitar o Palácio de La Moneda e toda a zona ministerial. É nesta visita que nos apercebemos que no Centro Cultural de La Moneda existe uma exposição de Frida Kahlo e Diego Rivera que pensamos ver ao final do dia.

Depois do Palácio de La Moneda foi altura de visitar a praça mais antiga, onde se iniciou a fundação de Santiago. É uma praça pequenina mas muito catita, com uma catedral e uma casa colonial. Daí seguimos para a casa Colorada, casa típica do tempo colonial espanhol.



Da Casa Colorada fomos até ao Museu de Arte Pré-colombiana e dai para um bairro muito típico e catita de Santiago, onde almoçámos num restaurante onde eu comi uma salada espectacular de quinoa, tomate, alho francês, alface e queijo. Depois de almoço fomos visitar umas das 3 casas que Pablo Neruda teve no Chile e que hoje estão transformadas em museus mostrando as suas diversas colecções e a sua enorme paixão pelo mar. Hoje visitaremos a Chascona, fica-nos a faltar a Casa de Isla Negra e a Sebastiana localizada em Viña del Mar. Pablo Neruda intitulava‑se marinheiro de terra, porque enjoava, mas apesar disso adorava o mar e os barcos. Então construiu esta casa na encosta de um dos Cerros de Santiago, afastado do centro e junto ao jardim Zoológico, para poder esconder, inicialmente, a sua amante que mais tarde se tornaria sua mulher.


Da Chascona dirigimo-nos para o funicular que nos levará ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição num dos cerros mais importantes de Santiago, o mesmo onde mais na base se situa a casa de Pablo Neruda. A vista é impressionante, só é pena que a poluição faça que sobre toda a cidade se estenda uma mancha de nuvens escuras.

Hoje ao contrário de ontem jantámos num restaurante muito local. Sem grande mariquices e muito chileno, mas onde a comida bastante boa.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

De Punta Arenas a Santiago do Chile

Hoje eu e o Mário combinámos tomar o pequeno-almoço com o Miguel Angel às 9h00. Durante o pequeno-almoço encontrámos novamente o Curro e a irmã, que estão hoje de saída para as Torres del Paine. Encontrámos ainda a Susana, uma geóloga, com quem o Miguel Angel trabalhou em Bayers e que para além de ser super porreira é completamente alucinada. Também ela hoje parte de Punta Arenas, para Santiago e daí directa para Madrid.

Nós os 3 depois do pequeno-almoço fomos dar uma volta pela cidade, fomos aos correios e ao Instituto Antárctico Chileno buscar umas fotocópias que o Miguel Angel tinha encomendado no início da campanha. Depois deste pequeno passeio regressámos ao hotel para terminar de arrumar as malas e fechar as contas.

Às 15h00 eu e o Mário voaremos para Santiago, o Miguel Angel fica mais 2 dias em Punta Arenas e daqui voa para Santiago e depois directo para Madrid. Assim, às 13h00 lá nos despedimos do Miguel Angel. Somos cada vez menos. Neste momento já só eu e o Mário, os mesmos que começámos estamos quase de regresso a Lisboa. Para não fazer mais de um dia de voos directos, pararemos em Santiago 2 dias aproveitando também para conhecer a cidade.

Acabamos por chegar a Santiago às 18h00, temos tempo de ir ao Hotel e depois jantar. Jantamos num restaurante espectacular, que recomendo vivamente a quem viajar a Santiago e que se chama Azul Profundo, fica localizado na Calle de la Constituición no bairro da Bellavista.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Mais uma despedida

Antes de mais um grande beijinho de PARABÉNS à minha comadre e grande amiga Belinha que hoje faz aninhos.

Desta vez acordámos cedo mas não para nos pormos a caminho. Foi altura de mais uma despedida! A Rosa e o António seguirão viagem de Puerto Natales para El Calafate, para irem visitar o Perito Moreno, e daí regressam a casa, a Espanha, lá para dia 25.

Assim, antes de eles saírem do Hostal eu e o Miguel levantámo-nos para nos despedirmos deles. Eu já conhecia o António da campanha passada, a Rosa conheci este ano, com os dois partilhei alguns momentos em Deception, mas foi sem duvida desde que saímos da ilha e até hoje que nos tornámos mais próximos. É sem dúvida com tristeza que vejo partir mais estes 2, ficando eu e o Miguel sozinhos. Somos cada vez menos!

Nos depois das despedidas voltamos para a cama. Acordámos às 9h30, tomámos pequeno-almoço e pusemo-nos a caminho. Regressaremos hoje a Punta Arenas onde nos reencontraremos com o Mário. Depois de comprarmos os bilhetes de autocarro e de almoçarmos às 14h00 pomo-nos a caminho. São 3h de viagem em que eu como sempre durmo profundamente. Definitivamente devo andar a fazer uma cura de sono. As pernas continuam a doer, o Miguel queixa-se dos joelhos e os dois parecemos os velhinhos a descer as escadas!

Quando chegámos a Punta Arenas, falamos com o Mário e enquanto ele terminava umas coisas no hotel eu e o Miguel fomos dar uma volta por Punta Arenas até ao miradouro antes de jantarmos. Como é Domingo por aqui quase não se vê vivalma e sem ser os turistas que fazem todos o mesmo percurso não há ninguém. Mesmo assim ainda conseguimos encontrar uma loja de Recuerdos aberta onde comprámos uns pinguins espectaculares.

No miradouro, como sempre, existe um totem com placas com as distâncias para diferentes cidades do mundo e não é que desta vez encontro uma com a distância a Lisboa. Estamos perto a 11826 km e a 4110 km do Pólo Sul.



Outra curiosidade sobre Punta Arenas é que o seu fundador foi Fernão de Magalhães e tudo nesta terra é alusivo ao Magalhães. A esta região chama-se Magallanica e da Antárctida Chilena, um conceito que pessoalmente detesto, uma vez que a Antárctida não é chilena é de todos! Para além disso a companhia de águas chama-se Águas Magallenicas, enfim o nosso Magalhães está por todos os lados. E como nã0o poderia deixar de ser aqui está ele em grande destaque na praça principal de Punta Arenas.

Depois deste pequeno passeio turístico por Punta Arenas foi altura de irmos jantar. Tínhamos combinado com o Mário encontrarmo-nos no restaurante La Luna. Um restaurante muito catita, cheio de colecções e artigos relacionados com a Lua. Mas melhor foi quando já estávamos sentados para começar a comer, ter entrado o Curro com a Irmã. O Curro é um montanheiro que esteve em Livingston, com quem o Miguel partilhou campanha e que nós conhecemos em Rei Jorge. Assim, acabámos por nos juntar os 5 a jantar e a recordar os momentos vividos na Antárctida todos partilhando o mesmo desejo de voltar no próximo ano.



sábado, 21 de fevereiro de 2009

Full day em Torres del Paine

Hoje acordámos mortos. Eu quase não me consigo mexer, tenho as pernas que não posso… Qualquer que seja o músculo que mexo dói-me horrores, para já não falar da figura triste que faço a descer escadas.

Depois de um valente pequeno-almoço foi altura de apanharmos um transfer desde o Albergue até à entrada do Parque onde às 10h45 passará o full day para nos apanhar. O dia está simplesmente espectacular e ao contrário de ontem que o topo das Torres estava ligeiramente encoberto, hoje o dia está totalmente limpo e vêm-se os 3 topos. Outra novidade é que com o calor que faz ando praticamente de t-shirt.


Acabámos por perder o transfer oficial, mas com uma grande sorte mandamos parar uma camioneta de uma excursão que por sinal era de uns italianos que ontem encontrámos no Refugio Chileno e que nos dizem para entrarmos. Entre alguns lugares sentados e outros nas escadas lá chegámos à entrada do Parque.

Depois de 2h de espera e de perguntarmos a todas as camionetas que iam passando se eram de CarFram (o nosso tour de full day!) lá apareceu o nosso motorista com um tour para 7 pessoas. Quatro éramos nós (eu, António, Rosa e Miguel), 2 israelitas e uma espanhola. Hoje sabe mesmo bem este tipo de passeio. É daqueles de muitos quilómetros, muitas paragens, muitas fotos mas o mais importante pouca caminhadas. Entretanto durante as duas horas de espera tivemos ainda tempo de ver um guanaco, primo das llamas e das alpacas e todos pertencendo à família dos camelos.

Assim, iniciamos a nossa visita de várias paragens, com um vento impressionante. Se ontem não havia sol, nem vento e quase não havia chuva, hoje há sol e também muito vento. A previsão que nos deram ma Laguna Amarga (entrada do parque) era que se esperavam ventos de 70 km/h, mas com rajadas pontuais que podiam chegar aos 100 km/h.

Pelo caminho os guanacos passam a ser uma vulgaridade e depois de algumas fotos mais entusiasmadas, deixamos de lhes passar cartão.


A próxima paragem é junto ao Salto Grande, uma cascata de água não muito grande mas em que o rio que lhe dá origem flui com uma velocidade impressionante. O guia quando saímos do autocarro avisa-nos novamente quanto ao vento. As rajadas aqui são bem mais fortes do que as que já sentimos na paragem anterior quando fotografámos os guanacos e por isso diz-nos que em caso de sentirmos uma muito forte nos devemos sentar no chão. Pensei que estava a brincar. Ora bolas se soubesse que vimos da Antárctida não diria tal coisa, se há coisa a que nos habituamos nas terras austrais é ao vento quase constante e forte. Mas o senhor lá tinha a sua razão. Este é também o local onde podemos ver a formação de Los Cuernos. E é quando estamos nos deslocamos para tirar uma foto, aos Cuernos que vem uma rajada tão forte que faz com que as pedras mais finas voem, e aí vê-se quase toda a gente a sentar-se no chão. Que rizada que demos todos! Mas não desistimos, há que tirar a foto com os Cuernos por trás.

A paragem seguinte foi no Lago Pehoe, onde existe uma estalegem numa das ilhas e onde ao fundo se podem ver novamente Los Cuernos. Que paisagem espectacular!

A última paragem foi na praia do Glaciar Grey. Segundo nos disse o guia o glaciar tem diminuído muitíssimo nos últimos 20 anos, e por isso a quantidade de icebergs que vemos hoje na praia é muito menor do que a existia em anos passados. De qualquer forma aproveitamos esta paragem para esticar as pernas e para caminhar durante umas horas. Apesar de não serem muito estes icebergs tem aquela coloração azul tão bonita e tão característica.


Depois desta última paragem seguimos viagem até Puerto Natales onde dormiremos no Hostal Isla Morena que é espectacular e super acolhedor e que acima de tudo tem uma biblioteca encantadora onde o Miguel Angel descobriu um poema do Pablo Neruda sobre a Antárctida chamado Piedras Antárcticas. Acabamos a noite a jantar comida tipicamente chilena no restaurante a Casa de Pepe. Desde que cheguei de Deception praticamente só tenho comido peixe, marisco e saladas. Tenho tirado a barriga de miséria de mais de um mês a comer quase só carne!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Torres del Paine

Antes de mais um grande beijinho de PARABÉNS à minha querida prima Joaninha, companheira de viagens, que hoje completa 25 aninhos. Obrigada ainda a ela e à minha Tia Ana por estarem a guardar a celebração desta data especial para o fim-de-semana do meu regresso.

Hoje foram-nos buscar ao Hostal El Rincón, em Puerto Natales, às 7h30 e daí partimos para as Torres del Paine. Depois de 2h de caminho, com uma pequena paragem para um café, estávamos a chegar à entrada do Parque Natural Torres del Paine, onde pagámos a nossa entrada e ingressámos no Parque. Depois de entrarmos foi altura de procurarmos um transfer que nos levasse até ao Albergue Torres Norte. Pelo caminho o motorista fez uma paragem para que tirássemos uma foto às torres que, segundo ele, seria a melhor que conseguiríamos hoje. Mal ele sabia!


Depois de alojados no Albergue Torres Norte, foi altura de prepararmos umas sandes, frutos secos, maças, bananas e água e pormo-nos a caminho da base das Torres. Tentámos levar roupa e comida suficiente, para não termos frio/calor nem fome e de maneira a ir o mais leve possível. Segundo as nossas previsões levaremos cerca de 4h a chegar à base das Torres e mais 3h a voltar para o Albergue. São 11h30 quando finalmente nos pomos a caminho.


Definitivamente a primeira e última parte do percurso são as difíceis. A primeira porque ainda estamos frios e é a subir e a última porque é a subir uma moreia enorme que nos mata. O trajecto intermédio é feito mais junto ao rio e no meio de bosque, como podem ver na fotografia de cima, onde as pontes de madeira são muito comuns. No entanto as paisagens que vemos e as paragens que fazemos, ao longo do percurso e no Refugio Chileno e acampamento Torres, permitem ir restabelecendo as forças. Praticamente até ao final do percurso comemos simplesmente uma sandes, frutos secos e água, e com isso as energias restabelecem-se para continuarmos.

O fim é sem dúvida o pior. Quando chegamos à base da moreia e vemos a quantidade de blocos e de altura que temos de subir, começamos a rir e a parar muito mais vezes. E pela primeira vez estamos acima da média de tempo indicada para cumprir este percurso. Até agora temos estado sempre abaixo do tempo indicado, mas neste troço diziam que demoraríamos 45 minutos e na verdade 1h10 depois chegámos ao topo da moreia e à base das Torres.


A visão é espectacular e o momento de silêncio que se ouve, em que nem o vento sopra, é inesquecível. Eu quando cheguei lá acima tirei a mochila e deitei-me numa rocha a observar a grandiosidade de local e a pensar como a natureza nos pode fazer sofrer tanto para depois nos presentear com esta paisagem. Sem dúvida o esforço da subida valeu a pena, pois esta paisagem poderá ser vista em postais, mas não há nada como vê-la pessoalmente.


Depois de um pequeno descanso, de alguma comida e água foi altura de fazermos todo o caminho de regresso. Agora é relativamente mais rápido e fácil uma vez que a maior parte do caminho é a descer e já estamos treinados. De qualquer modo os joelhos começam a queixar‑se.


Depois de 9h00 de passeio, 8 das quais a caminhar e de percorrer 24 km finalmente chegamos ao Albergue, tomamos banho e preparamos umas saladas acompanhadas de Pisco Sour para o jantar. Estamos mortos e em pouco tempo estamos na cama.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Puerto Natales e Cova del Milodon

Ontem decidimos que eu, o Mário, o Miguel Angél, o António e a Rosa viajaríamos por 2 a 3 dias a Puerto Natales e daí a Torres del Paine. Infelizmente hoje de manhã o Mário decidiu que ficava por Punta Arenas uma vez que já conhecia as Torres e por isso iria aproveitar para conhecer outras coisas perto de Punta Arenas. Em contrapartida a Imna decidiu ir connosco de manhã para fazer um passeio em Puerto Natales e voltar ao final do dia, uma vez que também já conhece as Torres e por isso aproveitará a estadia em Punta Arenas para visitar outros locais.

Assim, e depois de continuarmos a cumprir o ritual de acordar com as galinhas, às 8h30 apanhámos o autocarro que nos levará até Puerto Natales. São 3 horas de viagem e para quem me conhece sabe que em qualquer viagem e em qualquer meio de transporte tenho a capacidade de adormecer em segundos. E hoje esta capacidade foi exponenciada pelo facto de ter acordado à 6h45. Depois de alguns minutos no autocarro e de ainda estarmos a sair de Punta Arenas já eu estava a dormir. Fui-me despertando ao longo da viagem mas só acordei definitivamente quando estávamos quase a chegar a Puerto Natales.

Decidimos ir para Puerto Natales sem nada marcado ou reservado. E por isso ao chegar demos prioridade a arranjar viagem para as Torres del Paine. Como as Torres se situam a 2 horas de distância de Puerto Natales o nosso objectivo seria ir num dia e voltar no dia seguinte ou no posterior e dormir uma ou duas noites no Parque. O que queríamos era passear pelos caminhos do parque de modo a aproveitar o máximo da natureza. Infelizmente quando começámos a procurar a única oferta que nos davam era uma excursão de um dia (full day) de ida e volta às Torres. Numa das agências dissemos o que tínhamos em mente e esta dirigiu-nos a outra agência que se chama RUTAS. Foi o melhor que nos podia ter acontecido. Aqui e numas 2 horas solucionámos todos os nossos problemas! Inicialmente explicámos o que queríamos e o que eles nos podiam oferecer era uma viagem pela ruta W do parque, mas na qual teríamos de acampar. Infelizmente não temos tendas nem sacos cama e por isso esta não seria uma solução viável. Mais uma vez e à semelhança das agencias anteriores falaram-nos do full day. Foi neste momento e olhando para um mapa do parque em que nos explicavam o trajecto que a Rosa teve uma ideia luminosa.

O primeiro caminho que nos indicavam dava para fazer num dia e saia-se do Albergue das Torres onde se regressaria à noite. Este Albergue fica a 20 minutos de transfer da entrada do Parque onde passa a excursão do full day. Então o que a Rosa sugeriu foi que saíssemos amanhã de manhã (7h30), ficássemos alojados no Albergue das Torres e fizéssemos o caminho de dia inteiro com saída e regresso ao Albergue. Dormíamos no Albergue e no dia seguinte em vez de iniciarmos o full day em Puerto Natales encontrávamo-nos com eles na entrada do Parque. PERFEITO! Na agência foram impecáveis, arranjaram-nos Hostel para a noite de hoje no Hostal El Rincón, marcaram-nos camioneta para amanhã de manhã a sair de Puerto Natales às 7h30 e a chegar às Torres às 10h30. Daí temos de apanhar um tranfer por nossa conta até ao Albergue Norte das Torres. Marcaram-nos 4 camas no Albergue. Marcaram-nos o full day para depois de amanhã com ponto de encontro na entrada do Parque e ainda nos reservaram o Hostal Isla Morena para dia 21 quando regressarmos a Puerto Natales termos onde dormir. Enfim o Daniel da agência RUTAS foi incansável e impecável!

Viemos depois a saber pelo Daniel que a única coisa que perderíamos em não sair com o full day de Puerto Natales era não vermos a Cova do Milodon. Mas isto não era um problema uma vez que a cova está a cerca de 30 minutos de táxi desde Puerto Natales e por isso hoje, à tarde, e aproveitando a companhia da Imna, vamos visitar a cova.

Assim, depois de uma pizza rápida, enfiámo-nos os 5 dentro de um táxi a caminho da cova de Milodon. O Milodon é um animal já extinto e a cova, escavada em conglomerados, foi local de coabitação entre animais e humanos, há milhares de anos atrás. A cova é um local enorme, localizado no Parque Natural e Etnográfico, sendo considerado monumento natural. Como não poderia deixar de ser no final da visita tivemos de tirar uma foto de família com o já extinto Milodon. Falta-nos a Rosa na foto que como sempre pôs o seu motor turbo de pernas a trabalhar e já ia muito mais à frente.


Depois do passeio à cova e de um lanche no café Allambra foi altura de mais uma despedida Antárctica. Desta vez, da Imna, que seguirá hoje para Punta Arenas. Estamos a ficar cada vez menos e a Antárctida vai ficando para trás, apesar de recordarmos os que ficaram todos os dias.

Para além disso estamos em contacto com eles e pelo que sabemos nos dias que setivemos em Rei Jorge passou um temporal em Deception e em Livingston com ventos de mais de 160 km/h. Parece que voaram uma série de coisas, como a antena de rádio, umas caixas enormes de arrumação, a bomba de água que caiu dentro do Crater Zapatilla, uma moto 4 em Juan Carlos. Para além disso o Las Palmas esteve fora da baía de Deception por não conseguir entrar. A Baía estava cheia de barcos que aproveitaram para se resguaradar do temporal. O barco com um jornalista partiu o mastro e necessitou de tempo para reparar tudo dentro da baia. Um barco deu alerta de socorro e o Hespérides foi em seu auxílio. Enfim um verdadeiro caos, mas o que mais nos preocupava é que todos estivessem bem, como por fim nos confirmaram hoje.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Despedindo-nos da Antárctida

Hoje decidi não me levantar para ir tomar o pequeno-almoço, às 7h30, ao Casino dos Oficiais. O pequeno-almoço ali não é nada de especial e por isso não justifica sair tão cedo da cama e com tanto sacrifício. Eu tenho ainda alguma comida da merenda que nos deram anteontem à saída do Las Palmas. Sobram-me umas bolachas e uma Coca-Cola, que apesar de parecer um pouco forte para tomar logo pela manhã à falta de melhor e pela troca de umas horas de sono é o que servirá.

Felizmente quando me levantei, e porque provavelmente os oficiais chilenos perceberam que muitos de nós não descem para o pequeno-almoço, havia chá que com as bolachas que tenho serviram como um belo pequeno-almoço. Infelizmente tudo continua na mesma. Não se sabe se o avião que vem de Punta Arenas para nos levar vem ou não porque até agora as condições meteorológicas não estão muito favoráveis. Já se sente que todos estamos a começar a ficar fartos de estar ali, não temos nada para fazer, somos estranhos na base e sentimo-nos claramente deslocados. Felizmente que somos muitos e temos aproveitado para nos divertirmos como pudemos e também aprendido, mais uma vez, a lição de que na Antárctida a paciência é uma virtude e que 80% do que se faz está claramente dependente das condições meteorológicas.

Assim, a meio da manhã decidimos ir conhecer a praia da Elefanteira que fica mesmo ao pé da pista de aterragem onde estamos alojados. É um passeio pequeno mas espectacular. Para além de a paisagem ser linda, e muito diferente de Deception, porque tem imensos líquenes e musgos, a praia esta cheia de elefantes marinhos, na sua vida tranquila e pachorrenta que nós aproveitamos para fotografar e filmar.


Depois do passeio e porque era quase hora de almoço decidimos voltar ao Hotel antes de descer ao Casino de Oficiais a ver se haviam novidades. Felizmente o avião já descolou de Punta Arenas e chegará por volta das 13h30. O nosso embarque está previsto para as 14h30 e a descolagem às 15h00. É uma sensação estranha, com um misto de alegria e tristeza. Alegria por sair de Rei Jorge, onde me sinto como estranha, e tristeza por sair da Antárctida. Estou cada vez a afastar-me mais de um dos sítios onde mais gosto de estar, mas enfim a vida é assim, feita de ciclos e por isso este está a encerrar-se. De qualquer modo o desejo e a paixão de voltar no próximo ano continuam. Vamos ver as voltas que a vida dá!

Quando estávamos a subir do Casino de Oficiais para o Hotel, já depois de almoçarmos, ouvimos um enorme barulho e vemos um avião comercial a aterrar. Pior do que o ver a aterrar é imaginar que descolaremos nele dentro de algumas horas. Trata-se de um avião comercial pequeno, que aterra e descola numa pista de terra e gelo onde o seu fim termina exactamente no mar. No início da campanha aterrei aqui num Hércules e vi-o descolar, e devo dizer que é impressionante.


Para que nos possamos abrigar e movimentar dentro do hangar foram retirados um helicóptero e um avião chileno e permanece dentro um enorme helicóptro militar, simplesmente espectacular.


É curioso ver que no avião que chegou de Punta Arenas para além de militares, e investigadores vem também um padre ortodoxo ao que parece para fazer a invernada. Antes mesmo da saída há que fazer uma última fotografia de família na Antárctida e tirar uma foto no poster dos pinguins!


Depois de 3 horas de voo chegámos a Punta Arenas e instalamo-nos no Hotel Diego de Almagro. Um hotel com o qual a UTM espanhola tem convénio e que por isso sai a um bom preço. Depois de um excelente jantar com o Miguel Angél, o Mário, a Rosa, o António, o Amós, o Bismark, o Jesus Galindo e a Imna, foi altura de nos despedirmos do Jesus Galindo, do Bismark e do Amós. Mais uma vez se sente um aperto no coração neste momento de mais uma despedida. Vamos ficando cada vez menos e a campanha Antárctida deste ano vai ficando para trás.